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7 Reflexões Essenciais para um Programa de Intraempreendedorismo

Sergio Gualdi

Por Sergio Gualdi, Sócio da Innoscience

O intraempreendedorismo é um modelo de inovação pautado no desenvolvimento de ideias usando majoritariamente recursos internos e dando aos colaboradores a oportunidade de serem protagonistas da jornada. No entanto, é importante destacar que a escolha por este modelo deve ser baseada na estratégia de inovação, que por sua vez, devee derivar da estratégia do negócio. Havendo desalinhamentos, corre-se o risco da execução de iniciativas, inclusive de intraempreendedorismo, que sejam descontinuadas durante a fase de experimentação ou no momento de escala.

Agora, quando a organização tem clareza de que o modelo de intraempreendedorismo é estratégico, vale ressaltar a importância da definição de uma estratégia adequada para o programa, que se ancora em reflexões sobre horizontes, campanha, foco, seleção dos intraempreendedores, mentores, parceiros externos e nível de entrega.

Fonte: Innoscience (2023)

Horizontes: o programa de intraempreendedorismo possui qual papel estratégico? Com sua execução, a empresa quer reforçar o negócio existente, renová-lo ou criar novos negócios? Isso pode variar muito de acordo com o momento da organização, com a visão sobre como a área de inovação contribui para o desenvolvimento do negócio e com o conjunto de ativos disponíveis. Uma empresa do setor de óleo e gás, por exemplo, optou por centralizar os esforços no core business, considerando seu modelo de negócio bastante específico e a capacidade técnica dos colaboradores para endereçarem oportunidades operacionais internas.

Campanha: estabelecer o direcionamento adequado para que as pessoas possam propor ideias é uma ótima forma de qualificar a entrada de ideias para análise. No entanto, ainda há algumas empresas que ainda preferem manter campanhas abertas, deixando que os colaboradores possam propor qualquer ideia para ser executada. Ao adotar a campanha por tema ou desafio/oportunidade, se estabelece uma conexão do programa com o que é estratégico para o negócio e fica mais fácil garantir aprovação para execução e escala dos projetos. Por exemplo, uma rede de farmácias estabeleceu temas e deles derivou desafios prioritários para captura de ideias, qualificando o pipeline e garantindo seu alinhamento com demandas operacionais do negócio.

Foco: um programa de intraempreendedorismo pode ter focos bastante diferentes, como fomento a cultura de inovação, capacitação de pessoas e/ou resultados para viabilizar a continuidade dos projetos. Uma empresa do agronegócio combinou o foco de fortalecimento da cultura de inovação ao de resultados, usando uma comunicação robusta para divulgar o programa ao longo de suas fases e aportando recursos internos para execução e gestão dos projetos priorizados.  

Seleção de intraempreendedores: selecionar os times que vão executar os projetos requer reflexões importantes e pode se dar pela priorização de pessoas da área impactada, pela valorização das pessoas que submeteram a ideia selecionada ou pela competência técnica necessária para execução da ideia. Pensando em garantir a melhor execução para os projetos, uma organização do setor de óleo e gás manteve os proponentes da ideia no time executor, mas também mapeou as competências técnicas necessárias para execução dos projetos e buscou internamente pessoas com tais competências para complementar o time.

Mentores: sem dúvidas, definir um conjunto de mentores, sejam eles internos ou externos, pode acelerar o projeto e reduzir a curva de aprendizado do time sobre determinado tema conectado ao contexto da execução do projeto. Certamente, em qualquer programa de intraempreendedorismo, há oportunidade de viabilizar uma arquitetura de suporte por meio de mentorias com empreendedores (externos) e especialistas internos e externos que possam aportam conhecimento, método e experiência para os times.

Parceiros externos: mesmo que estejamos falando de intraempreendedorismo, dependendo da complexidade do projeto, do tempo de execução e dos ativos internos existentes, contar com parceiros externos pode ser uma boa estratégia para acelerar a jornada de desenvolvimento da solução. Uma empresa de commodities de base alimentar, por exemplo, conectou alguns dos times de projetos com startups para ganhar maior agilidade no desenvolvimento dos projetos e gerar um entregável mais robusto e pronto para escala ao final do programa.

Nível de entrega: dependendo dos horizontes e do foco, o nível de entrega de um programa dessa natureza pode ser distinto, como uma oportunidade detalhada, um protótipo inicial e de baixa fidelidade ou um MVP. Uma empresa do setor petroquímico buscou alocar os times para trabalhar no detalhamento de novas oportunidades de negócio, de modo que o entregável foi o resultado de pesquisa, análise e consolidação de dados estratégicos e de mercado para tomada de decisão sobre o avanço de investimento nas oportunidades detalhadas.

O fato é que cada empresa tem suas características específicas e promover reflexões sobre o que se espera de um programa intraempreendedorismo e como executá-lo, considerando o contexto de negócio e suas limitações é a única maneira de extrair melhores resultados. Pense nisso! Qual a melhor configuração deste tipo de programa para a sua empresa? O resultado do programa será decisivo para ampliar a relevância da inovação junto à alta gestão e para sustentar orçamento para futuras iniciativas da área.

Até a próxima reflexão inovadora!

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