O artigo de hoje é sobre a parceria do iFood com a startup Moss.Earth, a fintech responsável pela bolsa de créditos de carbono para pessoas físicas, um mercado consolidado no exterior que começa a tomar forma no Brasil. A partir da conexão, o iFood se torna a primeira empresa de delivery brasileira a ter 100% das suas entregas neutras em CO2 de forma antecipada. Saiba mais!
MOSS E IFOOD
STARTUP
A Moss é uma fintech ambiental criada em 2020, que permite a compra e venda de créditos de carbono para pessoas físicas. O negócio nasceu após Luis Felipe Adaime deixar o mercado financeiro, no fim de 2019, atrás do sonho de investir em um projeto de impacto ambiental, que aliasse preservação da Amazônia e crescimento econômico, a partir da venda dessas certificações. Passando o foco do gasto para o investimento, a startup bateu R$ 7 milhões em transações em apenas dois meses e meio de lançamento.
O site funciona como um market place, os investidores podem comprar os créditos ao custo de 10 dólares cada um — 1 crédito representa uma tonelada de carbono que teve sua emissão evitada ou foi retirada da atmosfera. Esses ativos estão associados a projetos certificados internacionalmente, a maioria deles na Amazônia. Independentemente de quando a compensação for feita, o dinheiro investido é direcionado para o projeto no ato da compra.
“Lá fora, as pessoas calculam quanto geram de CO2 com suas atividades – normalmente, em média, 10 toneladas por ano per capita – e compram créditos para compensar. Só que, até então, as plataformas existentes para isso eram de doações, ou seja, o dinheiro dos créditos comprados era enviado aos projetos. O que fizemos foi transformar esses créditos em ativos. As pessoas compram e decidem o que querem fazer com eles: neutralizar, vender para as empresas ou guardar”, explica Adaime.
A Moss também atende empresas, que podem oferecer aos clientes a opção de compensarem a poluição gerada pela compra de um produto ou serviço. Com resultados expressivos, a startup soma mais de 800 mil toneladas de CO2 compensadas e mais de R$ 55 milhões destinados à Amazônia, valor equivalente a 700 mil toneladas de créditos de carbono. Comparativamente, Adaime cita o orçamento de 2020 do Governo Federal para a região – R$ 50 milhões. “Pelo menos 350 mil hectares foram salvos durante a pandemia graças à nossa intermediação”, conta o empreendedor. “Eles estavam prestes a serem vendidos para os fazendeiros.”
EMPRESA
A foodtech criadaem 2011, conhecida como Disk Cook, era, inicialmente, um guia impresso de cardápios, com uma central telefônica para onde os clientes ligavam e realizavam o pedido. Foi então que nasceu a ideia de criar o iFood, para melhorar essa experiência. No ano seguinte, foram lançados o aplicativo e o site, buscando a automatização e tecnologia como aliadas no mercado alimentício. Trazendo inovação e um bom background, a startup passou a chamar a atenção de investidores importantes, como o Grupo Movile. As fusões com outras empresas fizeram o iFood crescer rapidamente. Em 2015, alcançaram o primeiro milhão de pedidos e já somam, hoje em dia, mais de 60 milhões de pedidos por mês.
A maior empresa de delivery brasileira é referência na América Latina e está presente em dois países (Brasil e Colômbia). Em 2021, a companhia alcançou a marca de 5 mil parceiros entre mercados, conveniências, pets e farmácias, um crescimento de 418% em relação ao mês de março de 2020. Com isso, plataforma de delivery faz a intermediação de todo o processo de compra entre o cliente final e os estabelecimentos comerciais — desde o pagamento até a entrega, e passa a ter três tipos de clientes: os que usam o aplicativo para pedir comida, os restaurantes e mercados, e as empresas que contratam os cartões-benefício para seus funcionários.
“A pandemia nos apresentou novas responsabilidades. Precisávamos usar ainda mais nossas ferramentas, nosso potencial de inovação, e promover soluções transformadoras que revertam os impactos socioambientais típicos de uma operação de delivery”, afirma Gustavo Vitti, vice-presidente de Pessoas e Soluções Sustentáveis no iFood.
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OPORTUNIDADE
Uma das principais frentes do iFood é a inovação. Sempre dispostos a pivotar e a conectar-se com outras startups, são pioneiros em diversas iniciativas do mercado. Com o crescimento exponencial durante a pandemia e a nova demanda da foodtech, observou-se a necessidade de ir além das entregas e tomar ações que acrescentassem algo e valor à sociedade, alinhadas às práticas ESG. Baseado no contexto e estratégia da empresa, uniram visão de negócio aos princípios ESG. A solução foi o iFood Regenera, um ambicioso plano de impacto ambiental positivo, que tem como objetivo atuar em duas grandes frentes: (I) acabar com a poluição plástica das suas operações de delivery e (II) tornar-se neutra na emissão de carbono até 2025.
Para cumprir sua meta, o iFood conta com diversas iniciativas, dentre elas o investimento em veículos elétricos, em pesquisa e desenvolvimento de embalagens sustentáveis e em cooperativas de reciclagem, para ampliar sua capacidade produtiva e melhorar a renda dos cooperados. “O iFood Regenera chegou com o objetivo de ir além da eliminação do plástico e neutralização do CO2, queremos devolver para o meio ambiente mais do que consumimos dele”, complementa Vitti. Na missão do carbono zero, o primeiro passo foi contar com a expertise da Moss.Earth para mensurar, reduzir e neutralizar todas as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) do seu negócio.
A fim de chegar ao consenso sobre quanto deveria investir na compensação, o iFood pediu à Moss que fizesse um inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEE) dos escopos 1, 2 e 3. De acordo com Gustavo Vitti, a grande maioria dos poluentes vem justamente das emissões indiretas, relacionadas às entregas. O documento revelou a emissão de 128.000 toneladas de carbono equivalente ao longo de 2020, e que a compensação dessas emissões custou aproximadamente 4 milhões de reais à empresa.
O iFood é a primeira empresa de delivery brasileira a ter 100% das suas entregas neutras em CO2 de forma antecipada e, para conscientizar os clientes sobre as entregas de refeições “carbono neutro”, o delivery disponibilizou novas comunicações no aplicativo, além de notificações informando que o pedido a caminho já teve sua poluição compensada e ícones especiais para o acompanhamento do entregador. Também na plataforma, a seção de “doação” direciona, desde julho, recursos para um projeto de plantio de mudas, conduzido pela SOS Mata Atlântica nesse bioma.
Além de criar diversas iniciativas que impactam positivamente a sociedade, o iFood também está “olhando para dentro de casa”. Os escritórios da empresa passaram a fazer uso racional de recursos, reutilizando água, e terão fontes de energia mais limpas. Há, ainda, o planejamento da criação de um telhado verde na sua sede em Osasco, para distribuir a produção da horta, que pode chegar a cerca de 1 tonelada mensal, para as comunidades do entorno.
RESULTADOS
Com a conexão, o iFood já compensou todas as emissões de entregas que serão realizadas até o final de 2021. Dessa maneira, a partir de agora, todas as entregas feitas pela operação de delivery do aplicativo já serão 100% amigáveis ao meio ambiente. Até dezembro, será preservada uma área de aproximadamente 1,25 milhão de metros quadrados na Floresta Amazônica, equivalente a 125 campos de futebol. A área escolhida fica na região de Lábrea, no Amazonas, no projeto Fortaleza do Ituxi.
O pioneirismo na compra de créditos de carbono abre ainda mais espaço no mercado para a foodtech. A Moss, que já era parceira do clube de futebol Flamengo, estampando o meião dos jogadores, e da empresa de aviação Gol, ganha mais atenção no momento em que a agenda global está alinhada com essa pauta ambiental. É provável que o preço da MCO2 tenha uma valorização de até 550% nos próximos anos, segundo a estimativa da Moss, que se baseou em estudos do mercado financeiro sobre o preço de créditos que representam a emissão de carbono na atmosfera. Nessa avaliação, o preço do MCO2 pode atingir US$ 100, ou, ainda, algo próximo de R$ 575.
“Esse é um projeto extremamente ambicioso e inovador. Acreditamos que teremos muitos aprendizados no meio do caminho e queremos ter sempre essa conversa aberta com os experts que nos ajudaram no início, para saber se estamos no caminho correto, se o que estamos fazendo é suficiente ou se precisamos de algo mais.“, destaca Gustavo Vitti.
A partir da conexão, a Moss tem planos de conquistar mercados externos. A fintech prepara o lançamento de uma plataforma em inglês, que vai aceitar pagamentos por meio de cartões de crédito internacionais. Para os brasileiros, o investimento deve ser feito por meio de boleto ou transferência bancária.
Apesar de recente, o iFood sabe seu posicionamento e sua relevância no mercado, o que reforça ainda mais a importância destes compromissos ambientais para o planeta. Além de sustentável, a conexão oportuniza inovar dentro e fora do negócio. Segundo Felipe Scherer, sócio-fundador da Innoscience, “cada vez mais, essa visão, que leva em consideração todo impacto da operação de uma empresa, vem sendo adotada. Adicionar essa intenção estratégica com a perspectiva de colaboração com startups é uma excelente abordagem. Acredito que essas boas experiências vão encorajar outras empresas a trabalharem no mesmo sentido.” Em um mundo de constantes mudanças, mudar o mindset é indispensável.
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Até a próxima!
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FONTES:
www.moss.earth/pt-br
www.ifood.com.br
www.livecoins.com.br