A Líder de Inovação na Unimed do Brasil, Carolline Andresi, desempenha um papel fundamental ao aproximar as cooperativas médicas de diversas startups em todo o país. Ela lidera a adoção de novas ferramentas de inovação que asseguram tanto a sustentabilidade quanto a competitividade do Sistema Unimed. Com sua expertise, Carolline cria ambientes propícios para o surgimento de ideias inovadoras, reforçando a posição da Unimed como um exemplo de excelência em saúde no mercado brasileiro.
Como você iniciou sua carreira profissional? Como suas experiências profissionais influenciaram sua trajetória?
Iniciei minha carreira aos 16 anos como jovem aprendiz na Unimed Fesp. Na época, não escolhi a área de atuação, a seleção foi feita com base na disponibilidade de vagas dos departamentos e pelo perfil do jovem, no meu caso mais de exatas. Então, de largada, comecei na área de tecnologia da informação. Fiquei um ano como suporte técnico de sistema, o que me trouxe um repertório básico de tecnologia. Depois disso, tive a oportunidade de trabalhar um ano na área atuarial/comercial da operadora, que foi extremamente rico para conhecimento do negócio Unimed, mais na operação. Aos 18 anos decidi que estudaria Sistemas de Informação e então voltei para área de tecnologia. Desde então foram mais 12 anos dedicados em diversas áreas da TI da Unimed Fesp, uma delas que inclusive não existia, o teste de software. Pedi o desafio para mim e a área está consolidada até hoje. Enfim, comecei como suporte, entendi o que era TI, fui para QA para desenvolver o conhecimento de todas as ferramentas com base na percepção da experiência do usuário final, depois fui para Requisitos, porque mais do que entender a experiência eu queria conversar com quem iria usar o software para desenvolvê-lo o mais próximo da real necessidade.
Qual foi o seu primeiro contato com a inovação? E o que fez você despertar esse interesse?
Depois de ter passado por diversas áreas da TI, do mais técnico até o entendimento da “dor” a ser resolvida, comecei em 2018 a entender que nem toda “dor” precisaria ser resolvida internamente e que havia um ecossistema à disposição para cocriar. Tive um impulso muito importante da minha liderança para olhar para mercado e inovação. Lembro dos dois primeiros contatos com inovação aberta, um foi uma universidade que estava experimentando impressão 3D e uma segunda que foi minha participação em um Hackathon de saúde. Nesse momento me encontrei, afinal é possível unir tecnologia, inovação a uma área vital para vida humana, que é saúde. No meu primeiro ano fui a mais de 40 eventos distintos para aumentar meu leque de conhecimento e de networking.
Houve alguma transição de carreira que foi particularmente importante para o seu desenvolvimento na área de inovação?
A Unimed abriu as portas para minha carreira. Meu maior repertório de conhecimento de saúde, tecnologia e inovação com certeza tem influências da maior cooperativa médica do mundo. Mesmo depois de um ano fora, retornei para Unimed do Brasil por acreditar nos valores da empresa enquanto entrega de valor aos beneficiários. Mas gostaria de destacar dois fatores muito relevantes para o meu desenvolvimento, não só em inovação, mas como profissional e líder. O primeiro com certeza foi a confiança que tive e tenho da minha liderança em arriscar coisas novas e acreditar no meu potencial. Mudar da carreira convencional de TI para “conversar com startups” já é uma disrupção bastante grande entre organizações mais conservadoras, então esse “patrocínio” foi e é perenemente muito importante. O segundo fator foi ter tido experiência em outra companhia, também de saúde, mas com outra organização, a começar por ser multinacional com um report América Latina. Isso me fez desenvolver habilidades que levarei para minha vida, tanto de entrega de valor quanto relacional.
Como você define a inovação?
Caos! Me sinto uma agente de tretas. “Não sabe como resolver? Chama a inovação”. Eu vejo inovação como uma grande oportunidade de mudança e melhoria em tecnologias, processos e principalmente cultura e pessoas. Inovar é para todo mundo e trabalhar com inovação é ser facilitador dessas mudanças.
Pode compartilhar uma experiência ou projeto marcante em sua carreira relacionado a inovação? Quais foram os principais desafios e aprendizados?
Começarei pelo desafio e aprendizado, que não foi só para mim, mas para o mundo: a pandemia. No final de janeiro de 2020 iniciaríamos um projeto de aceleração com 4 startups, entre elas uma solução de telemedicina, até então sem regulamentação aprovada. Nossa ideia era justamente experimentar a nova entrega de saúde digital em paralelo às discussões de regulamentação, já para entendermos os sinais do mercado e estarmos prontos para sermos pioneiros na entrega de valor aos beneficiários. O programa duraria 4 meses com encontros presenciais com as startups a cada 15 dias. Pois bem, o que não esperávamos era o cenário do Covid-19. E aí vem a oportunidade e o aprendizado, uma vez que aceleramos o programa de aceleração. Não teríamos mais tempo de reuniões presenciais a cada 15 dias e precisaríamos de soluções imediatas para atender a população e evitar idas desnecessárias a locais de saúde. Em parceria com a startup e mais 2 outras empresas, entregamos em um final de semana uma solução que no primeiro mês atendeu mais de 40 mil beneficiários com suspeita de Covid, conseguindo reter boa parte deles em casa e evitar contaminações cruzadas. Minha maior lição quanto a inovação nesse case é que ninguém faz nada sozinho e que se há um problema e um objetivo claro a ser atingido, o ecossistema é maior e torna-se prioritário para todos, como uma grande entrega de valor de fato. Para muitos não é inovação, é um cenário de crise que foi resolvido com times multidisciplinares. Para mim é a mais pura inovação, considerando riscos, interconexões, agilidade e mudanças.
Qual é o projeto de inovação do qual você sente mais orgulho? E como ele impactou a sua carreira e empresa?
Nossa, essa é difícil. Cada entrega é um filho e filhos a gente põe no mundo, deixa crescer sozinho, mas vamos amar todos eles sem diferença (risos). Tirando o clichê, citaria dois projetos: a criação do primeiro hub de inovação do sistema Unimed e o Acelera Unimed. A criação do hub foi um marco na minha carreira. A partir daquele momento não havia mais volta, eu mergulharia de corpo e alma em inovação. Para a empresa, trouxe oportunidades de geração de valor e negócio. Logo no primeiro ano tínhamos espaço de coworking, 3 empresas investidas, 4 startups aceleradas, mais de 10 contratos firmados para o Sistema Unimed Paulista. O Acelera Unimed, por outro lado, me ensinou mais sobre protagonismo. Muitas vezes a gente quer inovar porque é importante inovar, mas quem realmente sabe o que precisa mudar e evoluir é quem está no dia a dia em processos operacionais, arcaicos e muitas vezes sem espaço para falar e colocar em prática sua criatividade. Esse programa entregou para as 340 cooperativas do país a oportunidade de TODOS os colaboradores desenvolverem suas ideias e apresentarem projetos estruturados de implantação dessa ideia. Hoje não me importa qual ideia ganhou, me importa a carreira e vida de todos os colaboradores que entraram nessa jornada confiando no processo e se protagonizaram, desenvolveram habilidades e com certeza fomentarão inovação daqui para frente.
Qual a importância da colaboração multidisciplinar nos projetos de inovação em que você esteve envolvida?
Não há inovação sem cooperação. Não há inovação sem multidisciplinaridade. Quando fui para o meu primeiro hackathon como participante pensei: O QUE QUE EU ESTOU FAZENDO AQUI? Eu era analista de requisitos, não programava, não era designer, não era assistencial… Como contribuiria em um grupo para o desenvolvimento de uma solução durante uma maratona de um final de semana? No domingo tive certeza de que todo mundo é capaz de contribuir com seus conhecimentos, nem que seja na energia durante a madrugada para não deixar ninguém desistir (isso faz muita diferença, acredite). A riqueza da inovação está justamente na mescla de conhecimentos e interesses do ecossistema.