Uma dúvida bastante frequente para quem entra na área de inovação e que eu mesma já me peguei refletindo por diversas vezes no passado é: quais as carreiras possíveis? Para quais vagas eu posso me candidatar? Como eu estruturo a minha carreira como profissional de inovação
Esse artigo faz parte de uma série de artigos, da qual, nos dois primeiros eu abordei conceitos que permitiram refletir se inovação é para você e como dar os primeiros passos, além de quais são os conhecimentos necessários e onde encontrá-los para se aventurar nessa jornada.
Uma vez que você decidiu mudar de área e entrar nesse universo ou você já é um profissional de inovação, é bastante natural que você se questione sobre as opções no futuro.
Antigamente as áreas de inovação se desenvolviam de forma muito orgânica, muitas empresas davam espaço para os profissionais “criarem”, cada um sabia um pouco sobre alguns temas. Hoje as coisas são diferentes.
Os pré-requisitos para começar sua carreira na inovação
Atualmente já existem profissionais bastante completos nessa área. Portanto, se você quer entrar para o jogo, você precisa se preparar.
Entender de gestão de projetos e de inovação, além de também saber sobre marketing, vendas, finanças, desenvolvimento, design, comunicação é essencial. Esse é o chamado perfil híbrido ou T-Shaped que eu mencionei nas duas primeiras partes desta série de artigos, mas isso é só o começo.
Independente de trabalhar em uma empresa de um mercado específico ou em um hub de inovação ou, ainda, em uma consultoria que atende diversos tipos de empresas, você precisa também saber sobre os diferentes segmentos de mercado!
Do agronegócio, passando pelo mercado financeiro e entrando na área da saúde e daí em diante. Tem empresa de saúde, desenvolvendo solução atrelada ao mercado financeiro. Tem empresa do agronegócio trabalhando com soluções de logística. Sem contar nas empresas de varejo entrando no mercado de educação e comunicação (vide o case da Magazine Luiza!).
Ah, e, importantíssimo. Se os idiomas já eram pré-requisitos antes, com a pandemia do covid-19 houve um impulsionamento dos projetos globais.
Ganhando experiência para assumir uma vaga de titular.
Segundo Malcolm Gladwell, no livro outliers, ele menciona que são necessárias 10 mil horas para que alguém se torne um expert em algum tema. Porém, não só apenas 10 mil horas, essas horas devem ser direcionadas, com alguém te mentorando e te ajudando a evoluir.
Se você ainda está começando, buscar um mentor pode ser uma boa ideia. A pessoa não precisa ter um título de “mentor” especificamente, mas busque alguém que te impulsione a ir além. Alguém que vá sempre mostrar como você pode melhorar.
Lifelong Learning para uma carreira de sucesso na inovação
A era é do “lifelong learning”, ou seja, aprendizado contínuo. Aprender sobre diferentes metodologias poderá te destacar entre os profissionais. Digo isso, porque, muito provavelmente, em qualquer empresa que você entrar, você terá que aprender sobre a empresa. Como ela funciona, quais são as pessoas que você pode contar.
Sendo assim, se você conhecer diversas metodologias, você poderá entender qual faz mais sentido em cada momento e adaptar para o seu universo!
Dando um exemplo mais prático, eu posso usar Design Sprint para definir uma estratégia de inovação e sair com uma solução a ser testada, usar o Scrum para o acompanhamento e dar ritmo ao projeto e, ainda, utilizar o cronograma no excel no modelo tradicional waterfall.
Planejando a sua carreira de inovação
Eu prezo muito por desenvolver a minha carreira em ambiente de alto aprendizado e que exija alta performance, que eu trabalhe com pessoas que me inspirem e que os valores sejam os mesmos que os meus.
Pode parecer discurso de RH, mas aprendi na prática que estar em uma empresa que está alinhada com quem você é, com profissionais que você admira e que te valorizam, faz total diferencial para se desenvolver como profissional.
Além do match “pessoal” com a empresa, se você estiver começando, atualmente existem diversas vagas mais juniores em grandes empresas. Se você considerar se candidatar para uma dessas vagas, eu observaria a abrangência de atuação da área de inovação da empresa.
Por exemplo, existem diversas empresas que tem programas em diferentes modelos de inovação sendo executados no Brasil, seja intraempreendedorismo, inovação aberta, corporate venture capital, entre outros.
Aproveite a área em que se encontra
Ainda que você fique em uma área específica, poderá aprender com as outras iniciativas em andamento. Lembrando que, para isso, são necessárias altas doses de curiosidade, além de desenvolver um bom relacionamento com os demais profissionais, o que pode ser uma barreira no digital para pessoas mais introvertidas.
Eu buscaria entender também a visão da empresa sobre a área de inovação, muitas vezes ela ainda possui apenas uma ou duas iniciativas, mas possui uma estratégia de médio-longo prazo estruturada.
Outra opção é ir para um hub de inovação ou consultoria. Em qualquer desses ambientes o aprendizado será intenso e você irá aprender muito.
E, depois de ter passado por algumas experiências, identificando seus pontos fortes, o que você gosta e no que você dá mais resultado, os próximos passos da sua carreira irão começar a aparecer de forma natural.
Encerro aqui a minha série de 3 artigos sobre “Como começar a trabalhar com inovação?”. Espero que tenha te ajudado a refletir e que seja útil para tua carreira profissional.
Um abraço, Ana Letícia Rico. Head de Inovação na Innoscience.