por Sérgio Gualdi Ferreira da Silva Filho
Sócio da Innoscience
Assim como Charles Darwin nos apresentou em sua mundialmente conhecida Teoria da Evolução, que propõe que a seleção natural é o mecanismo que torna possível a evolução das espécies, as empresas também evoluem à medida que novos entrantes desafiam e o modificam as ortodoxias do mercado. Startups como Uber e Airbnb, por exemplo, focaram em atender necessidades não atendidas e disruptaram o mercado no qual adentraram. Este abalo sísmico na estrutura do mercado impulsiona a transformação interna dos demais competidores, inclusive e principalmente dos líderes, e fomenta as atividades de inovação. No entanto, a forma de fazer inovação também passou por inúmeras modificações à medida que novas pesquisas e práticas emergiram e se consolidaram, oferecendo novas metodologias e ferramentas a serem exploradas.
Em um artigo para a Harvard Business Review, Scott Anthony discorreu sobre a evolução da inovação, que me inspirou a escrever este texto. O objetivo deste artigo não é apresentar novas metodologias e ferramentas, mas sim proporcionar uma reflexão sobre a evolução da inovação ao longo do tempo. Ao entendermos de onde viemos, em que momento estamos e para onde estamos indo, podemos determinar as metodologias e ferramentas mais adequadas.
A seguir, lhes apresento as quatro eras da inovação corporativa:
1ª Era da inovação
Também conhecida como a Era do Inventor Solitário. Thomas Edison, Santos Dumont e John Pemberton foram capazes de gerar inovações para a sociedade. Eles não sofriam a pressão do tempo ou da competição mercadológica e podiam trabalhar em seus próprios ritmos e com seus recursos para fazer as coisas acontecerem.
2ª Era da inovação
Com a consolidação das linhas de montagem nas indústrias, a inovação ficou fora do alcance do inventor solitário. Então, emergiu uma nova era de inovação: a Era dos Laboratórios Corporativos. As grandes empresas, com grandes áreas de pesquisa e desenvolvimento (P&D), como a DuPont, a P&G e a IBM, foram responsáveis por boa parte das inovações comerciais.
3ª Era da inovação
A ascensão das áreas de P&D nos levou à 3ª Era da Inovação: a Era das Startups Financiadas por Capital de Risco. Funcionários inquietos e frustrados das grandes empresas se unem para iniciar suas próprias startups que, muitas vezes, são apoiadas por capital de risco. As startups são empresas com um grande propósito que buscam modelos de negócios repetíveis e escaláveis.
4ª Era da inovação
O problema está na sustentação de um negócio por tempo suficiente que possibilite a criação de uma vantagem competitiva sólida e duradoura. Se as grandes empresas, com seus relevantes ativos e escala global, puderem adotar novos comportamentos organizacionais, como a agilidade de uma startup, elas poderão ser líderes na nova era. Os desafios estão na prática do modelo adequado de inovação que permita explorar os recursos sem esbarrar nas burocracias do negócio.
Agora que você já conhece as quatro eras da inovação, é importante refletir sobre como sua empresa enxerga e pratica a inovação e se há possibilidade de se inspirar com algum dos cenários apresentados. A pergunta a ser respondida é: o que podemos aprender com Thomas Edison, com empresas cuja inovação é veiculada via P&D, com startups fundadas por ex executivos de grandes empresas ou com empresas dedicadas a gerar novas fontes de vantagem competitiva? Certamente, há muitos aprendizados na busca pelas respostas a esta pergunta e, também, há muitas oportunidades de aplicar tais aprendizados para acelerar os resultados de inovação. Não há certo ou errado e o processo de evolução de cada empresa é particular. Defina novas práticas inspiradas em cada uma das quatro eras e inicie um processo de experimentação. Inovação depende, essencialmente, da coragem de experimentar novas abordagens.
Grande abraço e até a próxima reflexão inovadora!