Por Marco Perocco, sócio da Innoscience
Sua empresa enfrenta um ponto de inflexão estratégico com a Inteligência Artificial Generativa, que se resume a duas forças opostas:
FOMO (Fear of Missing Out): A pressão para acelerar a adoção e capturar oportunidades, impulsionada pelo receio de que concorrentes ganhem vantagem de mercado.
FOBO (Fear of Better Options): A tendência à cautela, motivada pelo receio de fazer investimentos significativos em tecnologias ou projetos que podem se provar subótimos ou gerar resultados negativos.
A definição do ritmo de implementação não é uma decisão puramente técnica. É uma das apostas estratégicas mais críticas para o próximo ciclo de negócios.
DE UM LADO, OS INDICADORES DE MERCADO APONTAM PARA A URGÊNCIA. A análise de dados mostra que a inação representa um custo de oportunidade crescente:
- Vantagem de Produtividade: Empresas com maior exposição à IA relatam um crescimento de produtividade quase 4 vezes superior (PwC, 2025).
- Realidade Brasileira: No nosso mercado, a IA Generativa já é a prioridade máxima de investimento para as empresas (AWS/Access Partnership, 2025).
- Adoção Exponencial: Mais de 70% das organizações globais já utilizam IA Generativa (McKinsey, 2024).
EM CONTRAPARTIDA, A NECESSIDADE DE CAUTELA É IGUALMENTE CLARA. Acelerar sem a devida diligência estratégica é uma iniciativa de alto risco. Os fatores que demandam atenção são reais e imediatos:
- O “Vale da Desilusão”: A euforia inicial dá lugar à realidade, com projetos apresentando falhas na execução e resultados abaixo do esperado (Gartner, 2025).
- Desafios de Confiança: No nível operacional, a confiança nos outputs da IA ainda é moderada (nota 6,1/10), um sinal de implementação mais complexa que o esperado (Retool, 2024).
- Riscos Regulatórios e de Compliance: Especificamente no Brasil, avançar sem uma estratégia robusta para LGPD e para o futuro Marco Legal da IA (PL 2338/2023) é um risco que as empresas não podem ignorar (EY, 2025).
COMO NAVEGAR NESTE DILEMA? UM FRAMEWORK PARA A AÇÃO.
A solução não é escolher entre FOMO e FOBO, mas sim avançar com uma “ambição informada”. Para trazer clareza a esta decisão, um ponto de partida fundamental é a análise de quatro dimensões estratégicas:
1. Maturidade de Dados: Seus dados são um ativo qualificado para alimentar a IA ou um passivo que exige um projeto de estruturação e governança?
2. Impacto no Negócio: Qual caso de uso oferece o maior retorno estratégico (ROI) agora, com um nível de risco gerenciável?
3. Prontidão Organizacional: Sua cultura, liderança e equipes estão preparadas para absorver a IA ou a resistência interna pode comprometer a iniciativa?
4. Governança e Risco: Você possui uma estrutura de governança (ética, compliance, segurança) robusta o suficiente para permitir agilidade sem expor a empresa a riscos desnecessários?
A avaliação honesta dessas dimensões ajudará a definir o ritmo ideal para a sua organização.
RECOMENDAÇÕES PARA UMA ABORDAGEM ESTRUTURADA:
O sucesso não depende de ser o primeiro, mas de ter a melhor execução.
- Pilote iniciativas de forma ágil, mas com governança e acompanhamento contínuo de resultados.
- Desenvolva a infraestrutura de dados e compliance em paralelo aos projetos-piloto.
- Garanta o patrocínio e o envolvimento direto da liderança sênior na estratégia.
- Trate a capacitação das equipes como um processo contínuo, não como um projeto pontual.
A resposta para o dilema FOMO vs. FOBO está na construção de uma Estratégia de IA Generativa sob medida para a sua realidade, seus desafios e suas ambições.
E na sua empresa, qual é a maior barreira para avançar com IA Generativa: a tecnologia, a cultura organizacional ou a definição de um caso de uso com ROI claro?