Isabela Basso é formada em Comunicação Social pela USP e Pós-graduada em Sustentabilidade pela Universidade de Cambridge. Fundou a zaya em 2022 a partir de um programa de intraempreendedorismo da Braskem, depois de mais de 8 anos trabalhando com inovação e sustentabilidade.
Qual a visão geral do projeto?
A zaya hoje é uma startup com a missão de democratizar o cálculo e a gestão da pegada ambiental de empresas e produtos para que empresas de todos os portes possam calcular e gerir o impacto ambiental das suas operações por meio de Inventário de Gases de Efeito Estufa e de seu portfólio de produtos por meio de ACV (Análise de Ciclo de Vida).
Como você se engajou nesse projeto?
Eu já atuava na área de sustentabilidade da Braskem há alguns anos quando surgiu um programa de intraempreendedorismo. Integrantes de toda a empresa puderam dar ideias de novos negócios, e nesse contexto surgiu a ideia da zaya.
Qual problema você buscava resolver?
Tudo começou com a angústia de ver a crise ambiental que já estamos vivendo e que só irá se intensificar daqui em diante, como resultado das nossas próprias ações. Mas esse é um problema grande demais para resolver, então tivemos um longo processo de entender qual era o pequeno pedaço dessa big picture que poderíamos tentar resolver. Esse discovery nos levou até um problema mais específico, mas ainda assim muito desafiador: faltam ferramentas adequadas para que empresas possam medir seu impacto ambiental, e isso não só impede que elas evoluam em termos de sustentabilidadem mas também dá muita margem para greenwashing.
Qual foi a solução que você encontrou?
Tendo esse problema específico em mente, começamos a entender as oportunidades de solução do ponto de vista técnico. Ou seja: qual a ferramenta mais adequada para fazer cálculo de impacto ambiental? A resposta foi a Análise de Ciclo de Vida, uma técnica científica e aceita internacionalmente, utilizada para quantificar e analisar impactos ambientais ao longo do ciclo de vida de produtos desde a extração de matéria-prima, passando pelo processamento, transporte, uso e fim de vida. O desafio era conseguir transformar essa técnica super científica e nichada em um produto que empresas de todos os portes e pessoas não-técnicas pudessem utilizar.
Como essa solução foi desenvolvida?
Investimos muito em entender nossa persona e o nosso mercado, em um loop constante de prototipação-teste-aprendizado. Começamos com testes simples, baseados em Excel e Powerpoint para entender se a proposta de valor que tínhamos em mente de fato endereçava a dor dos nossos clientes. Quando ficou claro que sim, iniciamos o desenvolvimento do nosso produto de fato – um software de cálculo de impacto ambiental para empresas de todos os portes.
Quais os desafios que você enfrentou nesse percurso?
Cada etapa do processo teve seus principais desafios. No início, quanto ainda estávamos em fase de discovery dentro da estrutura da Braskem, o principal desafio era relacionado à cultura e à estrutura corporativa. Isso porque é um modelo pensado (e adequado) para uma grande empresa como a Braskem, mas que possui muitas amarras para um momento tão incerto quanto a ideação de um novo negócio. Esse desafio foi resolvido com a migração para a Oxygea, o hub de aceleração e Venture Building da Braskem. Aqui temos uma estrutura apropriada para o desenvolvimento de um novo negócio, e podemos contar com o apoio de experts em diversos temas-chave (marketing, pessoas, vendas, gestão, etc) para conseguir alavancar uma startup early stage.
Por fim, diria que o maior desafio é sair da zona de conforto para empreender. Eu era extremamente realizada no meu trabalho anterior, de forma que fazer essa transição não foi trivial. Mas a oportunidade de fazer algo com tanto impacto para o mundo (e para a minha carreira) era imperdível, e com certeza foi um movimento muito acertado ter arriscado empreender.
Quais são os insights que você adquiriu e gostaria de compartilhar com outros empreendedores?
Acho que o principal até o momento é saber que, assim como a vida, empreender é dinâmico e tem seus altos e baixos. Tem dias em que parece que tudo vai dar certo, e tem dias que é um problema em cima do outro. Então é essencial manter a cabeça tranquila e focada no longo prazo.
Olhando para trás, qual a sensação que você tem?
Realização! Independente do que vir a seguir, a jornada até aqui já fez tudo valer a pena.