Temos acompanhado dezenas de clientes se apaixonarem pelo tema da inovação. Vimos muitos realizarem grandes lançamentos de iniciativas com esse foco. Assistimos CEO’s bradaram em todos os cantos que aquela era a grande prioridade para, pouco tempo depois, migrarem para uma nova moda. Uma mais recente. Da inovação aberta para a co-criação e para o crowdsourcing. Isso tudo sem sequer compreender qual a necessidade da empresa e qual o papel de cada ferramenta. Como se a próxima moda fosse sempre a melhor.
Teorias, modismos e inovação
Os americanos usam uma expressão “walk the talk” para salientar a preocupação com o estigma do “faça o que eu digo mas não faça o que eu faço” . Em termos de gestão, mais do que falar é preciso fazer.
Na semana passada, fiquei em uma imersão com um cliente num projeto de inovação radical que estamos desenvolvendo. Aproveitei um final de dia para visitar meu amigo Romeo Busarello.
Conversamos sobre inovação, grandes empresas e práticas de gestão.
O Romeo é um pensador, provocador e realizador. Nos últimos anos, a Tecnisa tornou-se referência em internet e inovação num segmento aparentemente commoditizado. Programas como o Tecnisa Ideias e o Fast Dating bem como os empreendimentos focados em terceira idade e casais de mesmo sexo tem feito sucesso e se propagado como potenciais formas de inovar.
Enquanto tomávamos um café o Romeo me mostrou um anúncio do Fast Dating, programa de inovação aberta que recebe mensalmente empreendedores previamente cadastrados para apresentarem ideias inovadoras para a empresa. Cada empreendedor tem 15min marcados no relógio para vender sua ideia. Os melhores ganham uma reunião sem tempo definido para aprofundar a discussão. Lembrei que tínhamos conversado tempos atrás sobre essa iniciativa quando eles a começavam. Percebi quanto já tinham investido de tempo e atenção ao tema.
O encontro me permitiu refletir sobre 2 questões fundamentais do ambiente de negócios:
- O que realmente influencia o desempenho das empresas?
- Como elas lidam com ondas de teorias e modismos?
É comum a alta gestão se envolver com determinado tema, seja ele governança corporativa, inovação aberta, BPO ou CRM. É, também, bastante frequente que a empresa inicie programas relacionados a tais assuntos. Mas o mais comum é que tais iniciativas parem por ai.
As organizações não se transformam pela quantidade de modismos que abraçam.
Potencializando resultados para transformar
O que transforma o desempenho das organizações é aquilo que vira prática. Que se repete, entra na epiderme e muda os hábitos das pessoas. Isso também com o suporte continuado da alta gestão.
De outra forma não há como influenciar o resultado. Eventos de lançamento não mudam resultados. Discursos não mudam performance. Ideias não melhoram desempenho. Práticas sim.
É assim com o Fast Dating e com tantos outros programas que dão certo. Eles começam. Se repetem. São refinados. Trazem benefícios para a empresa.
Lembre-se das iniciativas que sua empresa desenvolveu nos últimos anos e quais delas realmente mudaram sua forma de fazer negócios. Você verá que aquilo que não se pratica continuamente não deixa marcas.
Cada caso é um caso: como escolher as ferramentas adequadas
Além de transpor o desafio do discurso para a prática, é preciso fazer o que tem que ser feito no seu caso concreto.
Não há soluções universais em gestão. Essa é uma ciência eminentemente contextual. Cada caso é um caso. Programas como o da Tecnisa podem servir de inspiração mas só darão certo na sua empresa se você vivenciar a mesma realidade que a criadora da prática.
O melhor caminho é, primeiro, ter clareza dos seus problemas e desafios para então buscar a prática de gestão adequada e não o inverso como se fosse um paciente que compra um remédio e depois procura uma doença para curar. Fora os hipocondríacos pouco vejo pessoas apaixonadas por remédios.
Pena que a ansiedade de todos nós por desempenho tem, muitas vezes, ensejado decisões equivocadas. Faz com que embarquemos nossas empresas em novas direções para aplacar nossa angústia.
A verdade nua e crua é que as decisões de gestão precisam de tempo para maturarem. Há muitas empresas fazendo iniciativas de inovação. Mas ainda são poucas aquelas que compreendem sua realidade, selecionam a prática mais adequada, seja ela velha ou nova e percorrem o caminho até o final transformando-a em uma prática.
As grandes vencedoras serão aquelas que fizerem repetidamente o que dizem.