Primeira edição do Corp2Corp debateu os desafios para levar os pilotos para rollout
Um espaço para falar sobre inovação corporativa e boas práticas, anseios e experiências: assim é o Corp2Corp, um bate-papo sem espuma sobre inovação aberta entre os clientes da Innoscience.
Em sua primeira edição, que teve como tema “O piloto acabou. E agora?” a rodada de conversas foi conduzida por Maximiliano Carlomagno, Sócio-fundador da Innoscience; juntamente com Patrícia Grabowsky, Gerente de Inovação na Ocyan; e Guilherme Bastos, Analista de Inovação na Ocyan, além da participação de diversos clientes da Innoscience, trazendo suas vivências sobre inovação aberta.
Rollout com maior nível de exigência
Maximiliano iniciou a rodada de conversas compartilhando estatísticas sobre a baixa taxa de conversão global de pilotos em rollouts e destacando práticas que podem melhorar os resultados. Max também enfatizou o aumento do nível de exigência do contratante na transição entre o piloto e o rollout. “Uma coisa é o que eu permito no piloto, outra coisa é que eu espero do rollout”, enfatiza.
Entre os temas destacados, um deles é a sincronia do budget, algo fundamental, segundo ele. “Se o piloto acaba em novembro, por exemplo, o orçamento feito em outubro fica desatualizado. Em alguns casos, para evitar esse desencaixe, além da área de inovação pagar o piloto, começa a ter também um valor para rollout. A empresa precisa entender o cenário para que possa apostar e dizer: esses pilotos eu não vou aguardar budget, eu vou apostar enquanto meu papel de área inovação”, salienta Maximiliano.
De acordo com Maximiliano, o recurso financeiro não é o único desafio na transição. A disponibilidade de time é outro tema crítico para o rollout. “Mesmo o piloto indo bem, por vezes, pode cair num ‘limbo’ de prioridades, e é preciso ter cuidado neste aspecto para que ele não perca tração”, destaca.
Max explica que o piloto é a fase onde são testadas as incertezas, um período de aprendizagem. Já o rollout tem uma abordagem de gestão de projeto, na qual é preciso dimensionar os potenciais ganhos e analisar os riscos. “Não são raros os casos em que se chega no demoday com vários questionamentos, por exemplo, será que isso é realmente relevante? Ou seja, era uma decisão que era para ter sido tomada no início do desafio, com o alinhamento das áreas de negócio”, afirma.
O time e seu impacto na transição
Conforme Max, o que mais impacta na transição piloto e rollout é, sem dúvida, o time. “Quando a equipe chega para um piloto que pôde coletar os resultados, fez as correções ao longo do caminho e que teve acesso às informações necessárias para vender o rollout, isso faz toda a diferença”, enfatiza.
“Com o rollout aprovado, é preciso de um plano, um modelo de relacionamento bem estabelecido. O rollout precisa de três aspectos fundamentais: um time, um escopo e uma governança”, aconselha.
Três modelos de governança da transição
Segundo Max, há três modelos de transição. No primeiro caso, o time de inovação acompanha o piloto, sendo que a unidade de negócios assume o rollout; no segundo cenário, a unidade de negócios atua como protagonista desde o piloto; e em terceiro, o time de inovação acompanha o rollout e portfólio, juntamente com a unidade de negócios fazendo a gestão e o acompanhamento do projeto.
Um dos aspectos fundamentais destacados por Max é de que a inovação precisa de informação para seguir se bancando. “A informação de impacto não se dá no piloto, se dá no rollout”, alerta.
Vice-presidência de inovação ligada ao CEO da companhia
Patrícia Grabowsky, Gerente de Inovação na Ocyan, explica que a companhia tem uma estrutura recente de inovação, uma vice-presidência de inovação diretamente ligada ao CEO da empresa. “Isso é uma vantagem muito grande para nossos resultados”, afirma. A Ocyan tem apresentado uma taxa de conversão de piloto 4x superior à média de mercado.
Conforme Patrícia, os momentos muito bem definidos de definição de incertezas, das métricas e das hipóteses traz para a companhia resultados muito claros, fazendo com que o pitch final, mais bem direcionado, possa levar com maior frequência o piloto para rollout.
Patrícia destaca que a alta liderança da companhia participa ativamente da validação e avaliação dos projetos. “Temos a alta liderança participando do processo, com uma grande proximidade. Cabe ressaltar que estamos falando de uma organização com mais de dois mil integrantes, com grande parte da nossa força de trabalho atuando offshore”.
Ela enfatiza que o relacionamento entre os times de inovação e as startups é algo que influencia bastante na tomada de decisão. “Quando fazemos o Pitch Day todo mundo se engaja. Trazemos várias pessoas para a avaliação, que é dada para o time de projeto que toma a decisão final. O roadmap para o rollout é planejado entre a startup e o time do desafio, que são aspectos muito positivos do nosso método”, conta.
Patrícia salienta que a companhia tem um traço cultural muito forte de delegação planejada. “Promovemos uma cultura de autonomia, funcionando como uma alavanca para termos uma boa conversão e isso deixa o trabalho fluir com mais facilidade”.
Backlog de oportunidades
Guilherme Bastos, Analista de Inovação na Ocyan, conta que a companhia faz rodadas de captação de desafios. “Não descartamos desafios que não foram selecionados em um determinado ciclo. Eles se tornam um backlog. Este ano, por exemplo, estamos fazendo esse trabalho de revisitar esse backlog, voltar para os proponentes, entender se o projeto ainda é uma prioridade para eles, se ainda é um desafio que faz sentido e, a partir daí, endereçamos para os programas da área de inovação”, destaca.
Piloto e rollout com o mesmo time
Para Guilherme, o cenário ideal é o de manter o protagonismo do time que acompanhou o desafio desde o começo. “Se o rollout tiver como continuar com o mesmo time do piloto é o melhor caminho a seguir. O pessoal tem um senso de pertencimento, com orgulho dos resultados alcançados e vai ter a responsabilidade de levar o desafio à frente”, enfatiza.
Práticas de inovação: não existe receita mágica
Um dos participantes do Corp2Corp, que atua na área de mineração, destacou que não existe receita mágica quando o assunto é inovação. Práticas como a criação de uma vice-presidência de inovação alavancaram pilotos e mudaram a realidade da empresa. O foco, desde então, está na qualidade e não na quantidade de iniciativas.
Pilares que norteiam a estratégia de inovação
Trabalhando na área de inovação de um grupo farmacêutico, outro participante do bate papo ressaltou que sua companhia criou pilares estratégicos para focar em inovação aberta. Dessa forma, conseguiu interligar 20 startups com as áreas de negócios, trabalhando de forma mais direcionada aos problemas, com base nos pilares pré-estabelecidos.
Problemas claros para ir para rollout
A clareza e a profundidade do problema fazem toda a diferença na condução do piloto, de acordo com um dos convidados, atuante no setor financeiro. Para ele, em muitos casos, o rollout não aconteceu pelo fato de o problema não estar claro ou os times não saberem que problema estavam tentando resolver.
Sem métricas de vaidade
Para um dos convidados, que atua em inovação no setor de alimentos, foi preciso deixar as métricas de vaidade de lado, como o total de startups inscritas nos programas, e focar no que realmente importa. Para ele, o potencial de cada um dos pilotos é um dos KPIs, levando em conta o que isso pode gerar de resultado, de impacto e o quanto as áreas estão conseguindo implementar novas soluções.
Boas práticas para levar pilotos a rollout
Sem dúvida, a transição do piloto para rollout é um desafio e tanto. É preciso focar energia para trilhar um caminho seguro que traga resultados positivos às companhias. Nesta primeira rodada de conversas, conhecemos diversas práticas que foram fundamentais para que pilotos seguissem para rollout. Um mesmo time para acompanhar piloto e rollout, definição clara dos problemas na fase correta, sincronia de budget, escolha de um modelo bem definido de transição e o acompanhamento da alta liderança em todas as fases do processo são alguns dos insights que acompanhamos no bate-papo.
Quer saber mais sobre inovação e seus desafios? Acompanhe nossos conteúdos: em breve divulgaremos a agenda do próximo Corp2Corp.