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Postos Avançados em Ecossistemas de Inovação: Como fazê-los ter sucesso

A série de publicações Science4Inno é uma editoria que tem por objetivo dar visibilidade a pesquisadores e ciência de qualidade no campo da inovação. Como explicitado em conteúdos anteriores, o volume de publicações sobre o tema vem aumentando exponencialmente nos últimos anos, e a série Science 4 Inno visa aumentar o alcance de publicações com maior relevância.

Recomendamos sempre a leitura completa do artigo original, nesse link.

Onde foi publicado: California Management Review, Vol 63, Issue 3, 2021 – Berkeley-Haas’s Premier Management Journal

Autores (são os criadores e executores da pesquisa): Benoit Decreton Nova School of Business and Economics, Portugal, Felipe Monteiro INSEAD Jean-Marc Frangos Executivo Fellow do INSEAD Lisa Friedman Co-fundadora do Enterprise Development Group

Contexto:

Startups em ecossistemas, como o Vale do Silício, geram novas tecnologias e modelos de negócios potencialmente disruptivos. Em função disso, as grandes empresas estão descobrindo que é essencial estarem conectadas aos ecossistemas onde essas oportunidades estão surgindo, levando muitas empresas a abrirem “postos avançados de inovação” nesses locais.

Esses Postos Avançados em ecossistemas de inovação representam grandes oportunidades para as empresas detectarem disrupções futuras, descobrirem tecnologias inovadoras e novos modelos de negócios.

No entanto, muitos Postos Avançados deixam de trazer valor relevante para suas empresas e para os ecossistemas nos quais estão imersos.

A presente pesquisa detalha porque os postos avançados frequentemente deixam de ser eficazes e o que as empresas devem fazer para que seus postos avançados entreguem todo o seu potencial.

Objetivo (explica o que os pesquisadores pretendem alcançar ao final da pesquisa):

  1. porque os postos avançados frequentemente deixam de ser eficazes
  2. o que as empresas devem fazer para que seus postos avançados entreguem todo o seu potencial.

Método (explica como a pesquisa foi realizada e quais dados foram utilizados):

O estudo foi conduzido em postos avançados de inovação baseados no Vale do Silício. Postos de empresas multinacionais sediadas em diversas partes do mundo, como: França (32%), Alemanha (16%), Japão (11%), Suíça (11%), Reino Unido (5%) e Estados Unidos (5%) e de diversos segmentos, como: Telecomunicações (41%), Energia (18%), Automotivo (12%), Bens de Consumo (12%) e Seguros (6%). Foram analisados casos que tivessem conectividade alta ou baixa com o ecossistema (conectividade externa) ou com a sua sede (conectividade interna). Para tal, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 38 gerentes de 18 empresas (incluindo gerentes de postos avançados e da sede). As entrevistas, realizadas entre fevereiro e dezembro de 2018, foram norteadas por um protocolo composto por questões abertas e sub-questões. Também utilizaram da triangulação para confrontar os achados das entrevistas com dados disponíveis publicamente, como relatórios anuais, sites da empresas e relatórios.

Resultados (apresenta os principais achados da pesquisa):

O estudo fornece insights sobre as diferentes maneiras e razões pelas quais os postos avançados de inovação deixam de estar bem conectados tanto no ecossistema empresarial quanto com a sua sede. Por outro lado, o estudo apresenta iniciativas que algumas empresas tomaram que permitiram que seus postos avançados de inovação evoluíssem para o que chamaram de “Corretores Eficazes” e geraram o valor que deveriam gerar.

1) Porque tantos postos avançados de inovação falham?

1.1 Falta de conectividade do posto avançado com sua sede

Os náufragos conectados (Connected Castaways)

Postos avançados onde os gestores estão bem conectados com o ecossistema, mas não têm as conexões adequadas com sua sede. Esses postos avançados enfrentam grandes dificuldades em viabilizar a colaboração entre suas unidades de negócios e as empresas do ecossistema, pois não têm conexões na sede que possam mobilizar recursos humanos e financeiros ou enfrentam a síndrome do “não inventado aqui” tornando improvável que ideias externas sejam usadas em colaboração com startups inovadoras para lançar novos produtos e serviços.

1.2 Falta de conectividade do posto avançado com o ecossistema

Os turistas VIPs (VIP Sightseers)

Postos avançados que conseguem estar bem conectados com suas sedes, mas têm grandes dificuldades para estabelecer conexões significativas no ecossistema porque os gerentes praticam o “turismo de inovação”  ao não permanecem tempo suficiente no ecossistema para criar conexões relevantes ou por lidarem com barreiras linguísticas e culturais.

1.3 Falta de conectividade do posto avançado em ambas as extremidades

Os solitários (Loners)

Empresas que estabelecem postos avançados em ecossistemas empresariais, enviando um ou dois indivíduos em uma missão de reconhecimento para obter informações sobre o ecossistema. Embora a ideia de uma missão seja válida, pode se tornar problemática se essa missão nunca terminar. Isso reduz a capacidade do posto avançado em identificar e gerar parcerias eficazes. Desta forma, os solitários ficam presos em um círculo vicioso de isolamento, onde sua falta de conectividade com a sede diminui a conectividade no ecossistema e vice-versa.

2) Como tornar postos avançados de inovação mais bem-sucedidos?

Os postos avançados devem estar altamente conectados em ambas as extremidades. Os autores chamaram os melhores postos avançados de Effective brokers. São os postos avançados que conseguiram estar bem conectados tanto com sua sede quanto com o ecossistema empresarial. Os autores identificaram quatro iniciativas que os tornaram eficazes.

2.1 Definir um propósito claro e adaptável

Antes de abrir um posto avançado de inovação, as empresas precisam saber de forma clara qual é o seu propósito, ao mesmo tempo que devem estar prontas para adaptá-lo à medida que o posto avançado evolui. Desta forma, os postos avançados devem saber o que de fato podem oferecer ao ecossistema e o que por sua vez desejam obter dele.

2.2 Definir uma correta arquitetura

Além de terem um conjunto variado de indicadores-chave de desempenho (KPIs), eles têm um outro elemento crucial: uma equipe de suporte próxima da sede. Essas equipes de suporte recebem dos postos avançados de inovação as oportunidades de parcerias em potencial. Mais perto da sede, eles ajudam os postos avançados a ultrapassar as fronteiras organizacionais entre os atores do ecossistema e das unidades internas, facilitando as colaborações e nutrindo a conectividade interna dos postos avançados.

2.3 Estabelecer processos relevantes

Os postos avançados devem concentrar atenção significativa nos seus processos internos, principalmente com suas áreas de negócios, pois muitos acabam se concentrando demais no ecossistema e acabam negligenciando o fato de que, se os projetos não tiverem sucesso internamente, as startups e outros atores do ecossistema perceberão que se envolver com eles provavelmente será uma perda de tempo. Postos avançados bem-sucedidos criam processos importantes que ajudam na colaboração entre suas unidades de negócios internas e as startups ou outras organizações inovadoras do ecossistema.

2.4 Estimular uma cultura de colaboração e humildade

À medida que as empresas estabelecem postos avançados de inovação, elas precisam se perguntar se estão realmente prontas para se engajar na inovação aberta. É importante que as empresas adotem uma cultura – tanto em casa quanto no posto avançado – de contribuir para o ecossistema. Além disso, os postos avançados de inovação devem entender que fazer parte de um ecossistema empreendedor não significa apenas fazer conexões individuais com startups, mas também inclui manter conexões com outros atores. Também é essencial que empresas grandes e estabelecidas sejam humildes e entendam que ninguém no ecossistema está morrendo de vontade de trabalhar com elas. As empresas não devem esquecer que as startups têm muitas opções, principalmente em ecossistemas onde centenas de empresas de todo o mundo estão presentes e em busca de colaborações. Portanto, uma cultura de abertura e humildade é fundamental para permitir que os postos avançados estabeleçam conexões fortes no ecossistema.

Sugestão de leitura – Artigos complementares

  • Elfsberg, J., Larsson, T., Johansson, C., & Larsson, A. (2020). Unlocking the full value of a corporate innovation hub. In ISPIM Conference Proceedings (pp. 1-10). The International Society for Professional Innovation Management (ISPIM).
  • Onetti, A. (2019). Turning open innovation into practice: trends in European corporates. Journal of Business Strategy.

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