fbpx

Série ESG Innovation: Trashin e Havaianas

ESG Innovation: Trashin e Havaianas

No artigo de hoje, você vai conhecer mais sobre a parceria das Havaianas com a startup TrashIn, especialista em gestão de resíduos 360°, interligando geradores de lixo, cooperativas de reciclagem e indústrias da transformação. A aposta no Environmental faz parte do novo posicionamento da marca no mercado, a fim de reduzir seus impactos negativos. O resultado dessa mudança você confere abaixo!

TRASHIN E HAVAIANAS

STARTUP

A TrashIn, fundada em 2018, surgiu de uma ideia seis anos antes, em um hackathon internacional – o Webdesign International Festival, ocorrido em Limoges, na França. Alguns dos sócios atuais foram selecionados entre os 15 finalistas globais, com a intenção de utilizar “lixo” como moeda de troca para aquisição de produtos sustentáveis. “Queríamos unir os dois mundos, fazendo as pessoas trocarem lixo por dinheiro, comprando itens sustentáveis em um e-commerce”, afirma Sérgio Finger, CEO da TrashIn, para a revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios.

Adepta à ideia “Cash from Trash”, a startup realiza uma gestão de resíduos 360°, desde a coleta até o destino final, utilizando tecnologia para dar escala, segurança e confiabilidade ao rastreamento dos resíduos. Para isso, é feita a conexão entre geradores de resíduos, cooperativas de reciclagem e a indústria de beneficiamento e transformação. As informações de todo o processo são armazenadas e analisadas para melhor comercialização e aproveitamento do material. Dessa forma, conseguem gerar valor e recompensar todos os envolvidos, inclusive os próprios geradores de resíduos.

É importante para as empresas ter acesso a todos esses dados, como extrato de coletas, triagens e aproveitamento para a emissão de relatórios e indicadores de sustentabilidade. Por isso, nós disponibilizamos essas informações online para que o cliente possa acessá-las a qualquer momento”, afirma Sérgio. De acordo com os empreendedores, o sistema ajuda a melhorar a pontuação ESG das empresas, o que se tornou um chamariz nos últimos tempos. Atuando ativamente no tema, a startup lançou, em 2021, a Revista ESG Trends, uma parceria com a Amcham Brasil.

Com essa proposta, a empresa cresceu sete vezes em número de clientes entre 2019 e 2020 e também conseguiu triplicar de tamanho durante o primeiro ano da pandemia, atingindo um faturamento de R$ 820 mil. O crescimento mensal tem sido de cerca de 12% nos últimos seis meses.

EMPRESA

Lançada em 1962, a marca Havaianas faz parte da multinacional Alpargatas e ocupa o ranking das mais vendidas da América Latina. Em 2007, liderando o mercado brasileiro de sandálias, a marca começou uma importante fase da expansão internacional: fincou definitivamente sua bandeira nos EUA, com escritório próprio em New York, além de iniciar as produções na Argentina. Em 2008, foi a vez da Europa, com escritórios comerciais na Espanha e, no ano seguinte, França, Itália e Reino Unido.

Tendo grande relevância no mercado, a empresa atua em prol da sustentabilidade há algum tempo em diversos projetos, entre os quais uma parceria com o Instituto de Pesquisas Ecológicas. Há mais de 16 anos, a empresa apoia seu trabalho na Floresta Amazônica: 7% dos lucros provenientes dos modelos IPÊ são revertidos a favor de projetos do Instituto, mais especificamente da conservação da biodiversidade brasileira. Graças a essa parceria, já foram plantadas mais de 3,2 milhões de árvores na Mata Atlântica.

Além disso, durante os últimos 10 anos, 7% dos lucros resultantes das vendas do modelo CI são direcionados em benefício da Conservação Internacional, uma ONG que atua em prol da preservação da vida marinha, especialmente na região de Abrolhos, que possui a maior biodiversidade de todo o oceano Atlântico Sul.

OPORTUNIDADE

Apesar do bom posicionamento da Havaianas, ainda sentia-se a necessidade de um projeto que atuasse diretamente sobre o impacto causado durante a confecção e distribuição de produtos. Buscando uma guinada e uma solução de acordo com a estratégia de negócio, criou-se o programa global Havaianas ReCiclo, que tem como objetivo dar um destino adequado às sandálias descartadas pelo público. É aqui que entra a parceria com a TrashIn, startup especializada na gestão de resíduos.

De acordo com Fefa Romano, CMO da Alpargatas, em entrevista à Forbes, o projeto também visa criar condições para responsabilidade ambiental entre os consumidores, ao apresentar métodos de descarte adequado para seus calçados. “O programa tem o compromisso de conscientizar seu consumidor sobre a importância do descarte correto dos produtos e garantir seu acesso a essas soluções sustentáveis”, afirma.

O projeto piloto, focado em economia circular, teve início em dezembro de 2020 com objetivo de testar o modelo nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, contemplando três lojas próprias e quatro condomínios residenciais, sendo dois em cada cidade. Em janeiro, a fase 1 do projeto testou o modelo em franquias, com 11 pontos de venda, expandindo para as cidades de Recife e Ilha Grande. Neste mesmo período, houve a expansão global de logística reversa nas operações da Europa, América do Norte e Ásia.

Toda a rota logística do programa foi pensada para ser carbono zero, de modo que o processo de transporte dos resíduos dos pontos de coleta até as cooperativas de reciclagem não emita gases do efeito estufa. Em lojas da Havaianas e em condomínios residenciais, os consumidores podem encontrar urnas coletoras para depositar seus calçados fora de uso, que, posteriormente, serão coletados pela TrashIn e encaminhados às cooperativas de reciclagem.

Após a triagem, os produtos em mau estado de conservação são encaminhados aos centros de processamento parceiros do Havaianas ReCiclo, que transformarão os resíduos em pneus, tapetes para playground, entre outros produtos. Segundo Fefa Romano, a operação de logística de baixo carbono acontece de duas formas: “Primeiro, priorizamos as coletas de bicicleta, onde não emitimos gases de efeito estufa. Segundo, quando não é possível utilizar esses modais, as coletas com veículos de motor a combustão são compensadas pelas aquisições de crédito de carbono. Assim, atuamos na prevenção da emissão e na neutralização do que foi emitido“, explica.

De acordo com levantamento da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), atualmente, apenas 3% das 80 milhões de toneladas de resíduos que o Brasil produz são reciclados. Diante deste cenário, Fefa reforça a importância da economia circular e da logística reversa para reinserção dos produtos usados na cadeia produtiva, por meio de ações de desenvolvimento das cooperativas de reciclagem, responsáveis por cerca de 90% da reciclagem do país.

RESULTADOS

Além do impacto ambiental positivo, o programa proporciona impactos sociais, com a geração de renda adicional às famílias através da compra dos resíduos. “Hoje, são 129 famílias beneficiadas pelo projeto e que contribuem para reduzir a quantidade de resíduos que seriam descartados em lixões e aterros sanitários, além de diminuir a necessidade da exploração de matéria-prima para confecção de novos produtos”, pontua Fefa. “A eficiência deste sistema está na sua capacidade de aproveitar os recursos descartados em outros ciclos produtivos, tendo assim finais adequados para o meio ambiente”, completa.

Entre os produtos encaminhados aos centros de processamento, aqueles que estiverem em bom estado, após passar por um rigoroso processo de esterilização, são doados ao Instituto Tiago Camilo, criado pelo atleta de mesmo nome, que leva  às periferias de São Paulo oportunidades de aprendizado por meio da cultura e do esporte.

A Havaianas também está buscando a liderança entre as companhias engajadas em cadeias produtivas eco-friendly. Segundo Fefa Romano, a empresa, ao reestruturar suas operações para diretrizes de baixo impacto ambiental, fez com que 97% de suas sandálias produzidas atualmente passassem a contar com 40% de materiais reciclados, provenientes de resíduos industriais. E, com esse viés, a executiva afirma que a marca também transfere aos consumidores responsabilidades em relação ao meio ambiente.

A Havaianas carrega como missão contribuir ativamente para que as pessoas estejam preparadas para tomar as decisões certas no dia-a-dia e viver a vida da forma mais sustentável possível. É nosso dever liderar uma transformação de maneira responsável, contemplando os interesses e preocupações das comunidades onde atuamos, dos nossos usuários, funcionários, parceiros e investidores”, afirma a executiva.

Além das coletas disponíveis nas cidades de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Ipojuca (PE) e João Pessoa (PB), a ação soma 76 pontos de reciclagem espalhados em seis países europeus: Chipre, Espanha, França, Grécia, Itália e Portugal. O objetivo da marca é aumentar o número de pontos de recolhimento o mais rápido possível e procurar sempre encontrar novas formas de receber Havaianas usadas, a fim de lhes dar uma nova vida. Assim, a marca não desperdiça nenhum material excedente da sua linha de produção e cria diversos ciclos frutíferos.

A iniciativa dá ainda mais destaque à TrashIn, que vem batendo recordes de captação e promete crescer nos próximos meses. As projeções são positivas para os próximos anos, tendo em vista a busca crescente de grandes empresas por startups que as ajudem a entrar na economia circular. A meta no Brasil é expandir o negócio para outros estados, assim como o número de clientes.

O case da Havaianas reforça o papel essencial do ESG no mercado atualmente. De acordo com Renan Vargas, CSO da TrashIn, “um projeto de logística reversa nesta magnitude está pautado por todos os princípios ESG. O impacto ambiental é garantido pela reciclagem dos produtos que poderiam estar em outros locais não adequados. A relação com as cooperativas de reciclagem e geração de renda está atrelado ao pilar social. E todos os parâmetros e controles, bem como a decisão estratégica em apostar nesta frente, viabilizam o pilar de governança.

Essa mudança estratégica resultou em um tripé de investimento, que engloba o financeiro, o social e o ambiental. Empresas que levam questões ESG no processo de inovação terão mais sucesso no futuro, porque seu portfólio de produtos e serviços estará mais alinhado com os valores da sociedade. Nessa perspectiva, Ana Letícia Rico, Head de Projetos de Inovação da Innoscience, analisa o case como uma tendência global. Segundo ela, “ESG é um tema que está na pauta da maioria das grandes empresas, mas o real desafio é a sua implementação. Por meio da logística reversa, por exemplo, é possível gerar impacto ambiental positivo sem afetar abruptamente a produção feita até então.” Dessa forma, não apenas a inovação atua como motor do ESG, mas o ESG passa a acelerar a busca pela inovação.

Não deixe de acompanhar o nosso blog e nossas redes sociais para conhecer os próximos cases de sucesso!

Até a próxima!

Faça agora sua estratégia de inovação>>

FONTES:
www.havaianas.com.br
www.forbes.com.br
www.trashin.com.br

Tags relacionadas:

Talvez você goste: