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10 Recomendações para potencializar um programa de intraempreendedorismo

10 Recomendações para potencializar um programa de intraempreendedorismo

por Sérgio Gualdi Ferreira da Silva Filho

O programa de intraempreendedorismo representa uma forma bastante comum de dar os primeiros passos com o tema inovação. Além de valorizar as ideias dos colaboradores e permitir que eles saiam da sua rotina, fomenta a cultura de inovação e, dependendo da estratégia, permite a resolução de desafios da operação ou mesmo o desenvolvimento de novos negócios. No entanto, executar um programa de intraempreendedorismo é bastante desafiador e, quando desestruturado, pode gerar frustrações internas, tanto na alta gestão, que tem expectativas elevadas com este tipo de iniciativa, quanto nos colaboradores que dedicam um tempo que poderia ser utilizado para suas atividades principais, e baixo nível de resultado do ponto de vista de implementação bem-sucedida das ideias selecionadas.

Acredito que a utilização de um conjunto de boas práticas pode contribuir com a otimização de qualquer programa de intraempreendedorismo e, a seguir, apresento 10 recomendações para potencializar um programa de intraempreendedorismo:

#1 Modelo de campanha otimiza a operação e a gestão das expectativas dos participantes

Delimitar tempos e movimentos para cada fase do programa, permitindo que todos os envolvidos tenham clareza em relação a início, meio e fim é uma premissa básica para facilitar a sua operação. Além disso, quando as fases estão bem definidas, os próprios participantes já possuem visibilidade de quando receberão o retorno sobre o avanço das ideias submetidas ou mesmo da tração do projeto ao longo do programa.

#2 Governança estabelecida permite maior controle e visibilidade do pipeline de projetos

Estabelecer papéis e responsabilidades ao longo das diversas fases do programa permite melhor execução e acompanhamento do programa. Uma das iniciativas de uma indústria farmacêutica foi realizada por 4 atores: consultoria, RH, equipe multidisciplinar de inovação e mentores internos. A clareza em relação aos papéis gerou melhores entregas ao longo do programa.

#3 O estabelecimento do que é sucesso e dos KPIs adequados garante o alinhamento do propósito do programa e recursos

Atribuir objetivos específicos para o programa, assim como indicadores e métricas além do volume de ideias gerado na fase de ideação é imprescindível para monitorar a performance do programa e identificar oportunidades de refinamento nas próximas edições de acordo com as respostas obtidas. Para facilitar a gestão do programa, uma grande empresa do setor de agronegócio definiu objetivos específicos para inovação e os desdobrou em metas para cada etapa do programa de intraempreendedorismo.

#4 Capacitação sincronizada com as fases do programa otimiza as entregas

Preparar as pessoas para cada etapa do programa permite que respondam mais adequadamente ao que a empresa espera delas. Uma das maiores farmacêuticas do Brasil organizou treinamentos específicos, antecipando os comportamentos e atividades dos participantes de cada uma das fases do seu programa. Para cada fase de um programa de intraempreendedorismo é necessário um conjunto específico de competências e capacitar e instrumentalizar as pessoas envolvidas proporciona maior qualidade às entregas de cada fase.

#5 Balancear incentivos entre ideação e execução garante melhores ideias e resultados

Definir incentivos específicos para os participantes de um programa de intraempreendedorismo faz com que haja um alinhamento de interesse e dedicação ao longo de todo o ciclo, da ideia à execução. No entanto, criar incentivos e supervalorizar o momento de geração de ideias, esquecendo que o resultado da inovação depende da execução bem-sucedida da ideia selecionada, pode ser uma prática perniciosa e ocasionar um cenário de muita iniciativa e pouca “acabativa”. Da mesma forma, vincular incentivos apenas aos times cujos projetos viraram rollouts, tende a gerar frustração nas pessoas que tiveram um “no go” em seus projetos ao longo dos gates do programa. Equilibrar os incentivos é a melhor jogada. Como boa prática, uma das principais produtoras de commodities agrícolas do mundo tem vinculado a distribuição do PLR aos projetos levados a piloto, com adicional para aqueles com resultado positivo.

#6 Direcionamento da demanda qualifica a proposta

Definir temas e desafios específicos para que as pessoas possam propor ideias mais aderentes. O direcionamento deve estar conectado com a estratégia e, caso contrário, a probabilidade de grande parte das ideias não serem aproveitadas é elevado. Este é um risco que pode ser facilmente mitigado, assim como fez uma das principais construtoras do país, que delimitou o tema eficiência operacional, conectando-o a uma das prioridades estratégicas do negócio. Olhar para a estratégia e entender como a inovação pode ajudar na sua consecução é sempre uma boa pedida.

#7 Comunicação dirigida aos temas de interesse ajuda o proponente a ter repertório para entregar boas ideias

Inspirar e nutrir as pessoas com informações relevantes para o contexto do programa facilita a geração de insights e ideias. Apenas pedir boas ideias aos colaboradores não é o suficiente para obtê-las e criar momentos de inspiração pode representar um importante catalisador do processo criativo. Uma das principais operadoras de saúde do mundo, por exemplo, tem realizado workshops para apresentar novas tecnologias que possam estar conectadas com os objetivos estratégicos, fazendo com que os inputs de inovação não fiquem limitados ao olhar interno, mas viabilizando uma inspiração de fora para dentro.

#8 Modelo híbrido on e offline melhora os inputs e outputs do mapeamento das dores e oportunidades

Mesclar atividades on e offline representa uma oportunidade para envolver mais pessoas e melhorar o processo de identificação de dores e oportunidades. No caso de empresas com modelos de negócios mais complexos, com diversas unidades distribuídas ao longo do país ou do mundo, é bastante desafiador reunir as pessoas presencialmente para atividades de inovação. Certamente, a pandemia acelerou e validou o modelo de trabalho remoto, permitindo que muitos projetos de inovação ocorressem no ambiente online. No entanto, o modelo híbrido reúne o melhor dos dois mundos e qualifica o processo de mapeamento de dores e oportunidades. A título de exemplificação, destaco que uma das maiores produtoras de commodities agrícolas do mundo realizou workshops presenciais para captura de dores e oportunidades em suas fazendas, mesclado com webinares síncronos, alinhados a comunicação interna e treinamento online sob demanda.

#9 Conectar o programa de intraempreendedorismo com inovação aberta pode alavancar a execução das ideias

Envolver parceiros com capacidades complementares reduz a dicotomia entre inovação fechada e aberta, além de facilitar e agilizar a execução de projetos. Por vezes, boas ideias não são selecionadas pela falta de recursos internos para execução ou mesmo são abandonadas pela falta de tempo do time alocado para a execução. Uma boa alternativa é fazer como uma grande empresa do segmento agrícola, que envolve parceiros externos na execução de determinados projetos que demandam recursos e tecnologias que a empresa não dispõe.

#10 A liderança mais próxima do programa tende a gerar maior taxa de conversão no processo

Manter a liderança próxima das fases do programa gera senso de relevância e engaja as pessoas, fazendo com que elas busquem atingir melhores resultados. Uma das alternativas é envolver a diretoria na seleção das ideias ou na avaliação dos resultados do programa para determinar a continuidade dos projetos. Manter a diretoria próxima garante um maior comprometimento de todos os envolvidos e aumenta a taxa de conversão das ideias em soluções implementadas.

Este conjunto de recomendações, que permeiam ações estratégicas e operacionais do programa, passando pela a definição do papel de cada um dos atores envolvidos até o estabelecimento de objetivos e KPIs, vem sendo utilizado com sucesso na estruturação e operacionalização de diversos programas de intraempreendedorismo e pode ser colocado em prática em diferentes contextos.

Qual é o contexto da sua empresa? Quais destas boas práticas sua empresa já adotou? Quais delas podem ajudar a melhorar a performance de inovação da sua empresa?

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Sérgio Gualdi Ferreira da Silva Filho é Head de Projetos de Inovação na Innoscience Consultoria

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