Fazer a gestão da inovação torna-se absolutamente necessário para que essa intenção de inovar não fique apenas no discurso das lideranças. Motivadas pelo charme e novidade do tema, diversas gestores tem implantado iniciativas de inovação em suas empresas, porém na prática nem sempre esse trabalho é feito de forma adequada e integrada. Abaixo elencamos os 9 erros mais comuns da Gestão da Inovação e como fugir dessas armadilhas, aumentando a produtividade do processo de inovação na sua empresa.
Canal de ideias para implementar a gestão da inovação
Com a grande facilidade de utilização da intranet e internet nas empresas, muitas iniciam os programas de inovação abrindo um canal para colocação de idéias de maneira eletrônica. Passado pouco tempo, percebem que poucas idéias são adicionadas. Além da baixa qualidade das que são, muitas vezes servindo de canal de reclamações de questões relativas à chefia ou de remuneração.
A solução para esse erro é estabelecer realmente um processo de gestão da inovação, que deverá definir práticas para as 8 dimensões que compõem o octógono da inovação: estratégia, cultura, liderança, pessoas, relacionamentos, funding, estrutura e processo. Uma vez feito isso, cria-se o contexto adequado para que o canal de idéias possa realmente funcionar.
Deixar a criatividade fluir livremente
Direcione, delibere os caminhos, estabeleça uma estratégia de inovação. Muitas pessoas acreditam que a criatividade e o caos são inseparáveis. A experiência tem mostrado que criar os direcionadores para que as pessoas na organização utilizem sua criatividade é o melhor caminho.
Para isso, a empresa deve definir sua Estratégia de Inovação, estabelecendo tipos e temáticas de inovação desejados, comunicar a mesma, criando assim um guia para a busca de novos conhecimento e idéias através da criatividade.
Pedir os números de mercado muito cedo
Esse é um erro comum das empresas que “não querem” errar! Pedir números como tamanho de mercado e um fluxo de caixa descontado de uma idéia muito cedo, transforma a inovação da empresa em um programa de melhorias. Projetos de maior grau de novidade e incerteza sempre serão barrados nessa etapa já que muitas vezes nem a própria idéia está consolidada ou conceituada de maneira a fazer esse tipo de projeção.
Dessa maneira, acabam sendo desenvolvidos aqueles projetos com menor grau de incerteza e conseqüentemente menor potencial de geração de resultado para a empresa. A lógica é simples, e a solução também! No início deve-se trabalhar com a perspectiva do job to be done, ou seja, o benefício que a nova idéia traz é valorizado pelos consumidores? A partir daí, podemos desenvolver e aprofundar o conceito e posteriormente, quando tivermos mais subsídios, realizar todos as projeções necessárias.
Medir a gestão da inovação pelo ganho financeiro ou número de produtos/serviços desenvolvidos apenas
Sem dúvida, esses são indicadores importantes para a inovação na empresa, porém não devem ser os únicos. O ideal é montar um Innovation Scorecard (ISC), que, assim como o BSC, permite que sejam monitorados as 4 dimensões fundamentais para a gestão da inovação ocorrer: contexto para inovação, processo de inovação, tipos de inovação e também os resultados da inovação.
Deixar o “pai ou a mãe” da idéia fazer a gestão do projeto do começo ao fim
Para muitas pessoas, uma boa idéia é como um filho, e como todo pai ou mãe, ninguém melhor que eles mesmos para cuidar da mesma. Essa perspectiva não deve ser sempre assim, já que o autor de uma idéia de potencial inovador, não necessariamente é a pessoa mais adequada para fazer a mesma acontecer.
Posso ser muito criativo mas pouco efetivo na condução de um projeto. Posso ser muito bom tecnicamente mas não ter uma boa visão de mercado e vice-versa. A solução é realizar a chamada “polinização cruzada”, fazendo com que diferentes pessoas de dentro e até mesmo fora da empresa possam contribuir para que a mesma realmente se transforme em inovação.
Pedir que cada pessoa dedique um pouco do seu tempo com inovação
Essa é a mesma coisa que pedir que ninguém se dedique de forma efetiva com o tema. Todos podem participar do processo de inovação em uma organização, porém a experiência tem mostrado que sem uma coordenação definida do processo, pouca atenção será dada à inovação na empresa.
O envolvimento com a operação irá suplantar as demandas de inovação. Não falamos de criar uma divisão dos que pensam dos que não pensam inovação, mas sim criar uma coordenação ao processo, seja um departamento ou apenas um comitê, de acordo com cada realidade de empresa e setor.
Estabelecer uma verba do orçamento para inovação
Apesar da boa intenção, já que com uma verba aprovada para que a inovação ocorra na empresa (e ela não ocorre sem dinheiro) podem-se desenvolver os projetos já em andamento e eventualmente outros gerados ao longo do ano. Porém, o risco desse modelo único de verba é que na busca por recursos, projetos que estejam mais longe do core business serão sempre suplantados por aqueles mais próximos do que a empresa faz atualmente, já que estão “alinhados” com o negócio atual.
A chave do sucesso para balancear as iniciativas é dividir essa verba conforme os tipos e as temáticas de inovação ou mesmo um percentual para negócios fora do core business atual, se a empresa assim desejar.
Utilizar os experimentos para acertar e verificar se iremos ganhar dinheiro com o projeto
Muitas empresas realizam os testes pilotos ou experimentos e se não ganham dinheiro nessa fase entendem que é hora de cancelar o projeto. Experimentos são para aprender de forma estruturada e reduzir as incertezas ainda existentes.
Se o projeto for realmente algo de potencial inovador, é provável que ao longo do desenvolvimento várias perguntas ainda estejam sem resposta, e o experimento é a oportunidade para tentar responder algumas delas.
Trabalhar na perspectiva de quanto mais projetos melhor
Muitas empresas tem dificuldade de suspender projetos e produtos que se mostram inadequados. Fazer a gestão do portfólio de inovação é mais do que acompanhar o número de projetos; é realmente atuar de forma a balancear o portfólio, criando uma perspectiva de gestão de diferentes níveis de risco, investimento e prazo, e até mesmo abortar alguns se necessária.